Os pecuaristas estão entusiasmados com o aumento no preço do boi gordo, que se fixou nos últimos dias na faixa dos R$ 90,00 a arroba do Índice Esalq/USP. Essa boa situação atual reverte um longo período de perdas financeiras e de abate de fêmeas, que cortou na pele o patrimônio dos produtores e tirou vários projetos do mercado.
Os analistas especializados informam que o cenário positivo da pecuária deve se manter nos próximos anos. Tomara. Como argumento, utilizam não apenas a redução do abate de matrizes mas também o cenário externo, com exportação crescente ano após ano.
A própria FAO divulgou recentemente que o mundo precisará de mais carne nas próximas décadas. Isso significa que nossas exportações deverão crescer além do programado. Além disso, temos de ter produção para atender à demanda.
Essa conjunção de fatores na ponta da cadeia lança um tremendo desafio para os pecuaristas, que respondem pela base da produção. Isso porque é dessa classe a responsabilidade para ter os animais prontos para o abate e que suprirão as necessidades dos frigoríficos nos próximos meses.
Mas, atenção: o mercado está muito mais exigente. Se os pecuaristas quiserem aproveitar os bons preços do boi gordo e, ainda, receber bonificações por qualidade, é preciso oferecer ao frigorífico animais jovens (no máximo 30/36 meses de idade), pesados (entre 16 e 22 arrobas), com bom rendimento de carcaça e cobertura de gordura (mais de 3 mm).
Somente com o uso de boa genética é possível ter animais com essa configuração prontos para o abate na idade e no peso certos. Se a escolha dos reprodutores (machos e fêmeas) for mal feita, o gado não chegará às condições exigidas pelos frigoríficos no momento correto. E, aí, é prejuízo na certa, pois os animais ficarão na fazenda mais tempo e, assim, consumirão mais alimentos, aumentando os custos.
É nesse cenário que ganham espaço as chamadas raças adaptadas, como bonsmara e senepol. Elas representam uma excelente opção genética para a produção de bois jovens, pesados e com boa qualidade de carne. Além disso, como estão perfeitamente adaptadas às condições tropicais, são resistentes e podem ser usadas sem restrição em todas as regiões do País.
O momento é favorável ao investimento em animais de raças adaptadas. Afinal, está iniciando a temporada de leilões de touros e matrizes e a estação de monta começará em breve. Com preços do boi gordo em bom patamar e genética de qualidade em oferta, a combinação de fatores é perfeita para os pecuaristas que apostam na produção de bezerros pesados e precoces.
* Maria Lucia de Abreu Pereira é proprietária da Fazenda Mariópolis (Itapira, SP), que seleciona as raças bonsmara e senepol.
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